VIAGENS NA MINHA TERRA – Almeida Garret (Resumo)
Classificação da Obra: Romance Histórico
Numero de capítulos: 49 capítulos
Ação principal: O autor resolve fazer uma viagem de Lisboa a Santarém de comboio, com a intenção de conhecer as ricas várzeas desse Ribatejo, e assim saudar do alto cume a mais histórica e monumental das vilas de Portugal. Paralelamente as paisagens visitadas o autor e narrador , presenteiam os presentes com um romance de amor.
Tipo de acção: Encadeada
Personagens Principais: Joaninha e Carlos, protagonistas da história de amor.
Personagens Secundarias: A avó de Joaninha – D. Francisca, Frei Dinis, Georgina, Júlia.
Narrador: Participante
Espaço principal: A história contada do romance de amor, passa-se em 1932, e é narrada por Almeida Garrett, aos participantes da viagem. O mesmo Almeida é o cronista narrador.
Tempo Histórico: séc. XIX
Tempo
A ação decorre durante uma viagem que Garrett faz de Lisboa a Santarém, além de discorrer sobre a paisagem, seus devaneios, o levam até este romance.
Resumo
“Viagens na Minha Terra”, pode ser considerado um romance contemporâneo. Um livro difícil de enquadrar em género literário, pelo hibridismo que apresenta, além da viagem que de fato acontece, paralelamente o autor conta um romance sentimental.
O conteúdo da obra, parte, como já dissemos, de um fato real, uma viagem que Garrett fez a Santarém e que teve o cuidado de situar no tempo. Além da viagem real, Garrett, faz nas suas divagações, várias viagens paralelas. Tantas e tais viagens, que numa delas o leva justamente, e pela mão de um companheiro de itinerário, a centrar-se no drama sentimental de Carlos e a”menina dos rouxinóis”- Joaninha.
O Romance resume-se, a intricada história, de uma velhinha com sua neta Joaninha. A menina –moça, tem um primo, filho da única filha da avó, que já falecera. A moça tinha por si só a avó. Todas as semanas, Frei Dinis, vinha visitá-las, e algumas vezes trazia notícias de Carlos, que já algum tempo, fazia parte do séquito de D. Pedro.
Só que a maneira como Frei Dinis falava de Carlos, dava para perceber algo, que só a idosa e Frei Dinis conheciam. Passara o ano de 1830, Carlos formara-se em Coimbra, e só então visitou a família, mas com muitas reticências em relação a avó e Frei Dinis. Carlos também pressentia que ele e a avó mantinham um segredo.
Carlos, nas suas andanças, já tinha eleito uma fidalga para ele: D. Georgina, mulher de fino trato.
No entanto a guerra civil progredia, eram meados de 1833. Os Constitucionalistas tinham tomado a Esquadra de D. Miguel, Lisboa estava em poder deles, e Carlos era um dos guerreiros da parte Realista.
Em 11 de Outubro, os soldados estão todos por volta de Lisboa, as tropas constitucionais vinham ao encalço das Realistas, e na batalha sangrenta, muitos ficaram feridos.
A casa de Joaninha foi tomada por soldados Realistas, que vigiavam a passagem dos Constitucionais.
Numa das andanças de Joaninha, por perto de casa, encontra Carlos, ele pede que não diga que ali está, mas abraçam-se e trocam juras de amor ali mesmo. Só que Carlos sabia que Georgina o esperava, e a sua mente tornou-se confusa, já não sabia se amava Georgina.
Com Carlos ferido e alojado perto do vale onde morava Joaninha, essa veio inúmeras vezes vê-lo, e ajudá-lo na enfermidade.
Certo dia Carlos depois de muita insistência de Joaninha foi ver a avó, e ficou surpreso da cegueira da mesma, por lá encontrou Frei Dinis, e quanto mais o olhava , menos gosto tinha.
Enquanto permaneceu por perto, Carlos e Joaninha mantiveram um tórrido romance.
Mas, Carlos, já refeito dos ferimentos seguiu para a tropa, e antes passa na casa da avó para se despedir. Implora que ela conte a verdade sobre o suspeito segredo. Então, Dona Francisca conta que o Frei Dinis é pai de Carlos, que a sua mãe morreu de desgosto, e para se defender, Frei Dinis mata o pai de Joaninha, e o marido da sua amante.
Com isso Carlos parte, deixando Joaninha desolada. Volta a viver com Georgina. Escreve à prima contando todo o seu romance com Georgina, o que para a moça foi um impacto terrível. Mais Tarde Carlos se fez Barão. Também abandona Georgina , que vira Abadessa.
Joaninha, enlouqueceu e morreu. Frei Dinis foi quem cuidou da velha senhora até á morte.
E assim o Comboio chega ao Terreiro do Paço, e Garrett finaliza mais uma das suas melhores obras.
Avaliação da Obra:
Viagens na Minha Terra é um livro da autoria de Almeida Garrett; na obra onde misturam-se o estilo digressivo da viagem real (que o autor fez de Lisboa a Santarém) e a narração novelesca em torno de Carlos, Frei Dinis e Joaninha.
As Viagens, publicadas em volume em 1846, são o ponto de arranque da moderna prosa literária portuguesa: pela mistura de estilos e de géneros, pelo cruzamento de uma linguagem ora clássica ora popular, ora jornalística ora dramática, ressaltando a vivacidade de expressões e imagens, pelo tom oralizante do narrador, Garrett libertou o discurso da pesada tradição clássica, antecipando o melhor que a este nível havia de realizar Eça de Queirós.
Mas as Viagens valem também pela análise da situação política e social do país e pela simbologia que Frei Dinis e Carlos representam: no primeiro é visível o que ainda restava de positivo e negativo do Portugal velho, absolutista; o segundo representa, até certo ponto, o espírito renovador e liberal. No entanto, o fracasso de Carlos é em grande parte o fracasso do país que acabava de sair da guerra civil entre miguelistas e liberais e que dava os primeiros passos duma vivência social e política em moldes modernos.
No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett era geralmente tida como uma das mais geniais da língua, inferior apenas à de Camões. A crítica do século XX (notavelmente João Gaspar Simões) veio questionar esta apreciação, assinalando os aspectos mais fracos da produção garrettiana.
No entanto, a sua obra conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett, até pelo acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra, merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.
Principais dados sobre o Autor:
Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799, o nome de batismo era João Leitão da Silva. Quando estudante em Coimbra adotou o nome que o tornou célebre: Almeida Garrett, sendo o último nome da avó paterna. Grande escritor, a tradição reteve de Garrett a imagem do homem elegante, do dândi que ditava moda no Chiado. Dominava tanto a prosa como o verso. Morreu em 9 de Dezembro de 1854, quando trabalhava no romance HELENA.
Primeiros anos
João Baptista da Silva Leitão nasceu no Porto a 4 de Fevereiro. Na adolescência foi viver para os Açores, em Angra do Heroísmo, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra. Em 1816 seguiu para Coimbra, onde se matriculou no curso de Direito. Em 1818 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que lhe custou um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. E neste mesmo ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.
Presença nas lutas liberais
Participou da revolução liberal de 1820, seguindo para o exílio na Inglaterra em 1823, após a Vilafrancada. Antes havia casado com Luísa Midosi, de apenas 14 anos. Foi em Inglaterra que tomou contato com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores e visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se refletiriam na sua obra posterior. Em 1824, seguiu para França, onde escreveu Camões (1825) e Dona Branca (1826), poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal. Em 1826 foi amnistiado e regressou à pátria com os últimos emigrados dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário O Português (1826-1827) e o semanário O Cronista (1827). Teria de deixar Portugal novamente em 1828, com o regresso do Rei absolutista D. Miguel. Ainda nesse ano perdeu a filha recém-nascida. Novamente em Inglaterra, publica Adozinda (1828) e Catão (1828).
Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833.
Vida política
A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde lê Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais. Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (atualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett afasta-se da vida política até 1852.Contudo, em 1850 subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”.
Garrett sedutor
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Revolucionário nos anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito do dandy, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos. Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal. Separado da esposa, passa a viver em mancebia com D. Adelaide Pastor até à morte desta em 1841. A partir de 1846, a sua musa é a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, inspiradora dos arroubos românticos das Folhas caídas. Em 1851, Garrett é feito visconde de Almeida Garrett em duas vidas, e em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta dos Negócios Estrangeiros em governo presidido pelo Duque de Saldanha. Falece em 1854, vítima de cancro.
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