O Brasil é um país de dimensões continentais e é um imenso desafio garantir que as escolas de todos os municípios do país, sejam elas escolas públicas e particulares, alcancem os mesmos objetivos educacionais durante todo o processo educacional.
Sem um currículo minimamente unificado, provas como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) perderiam completamente o sentido e a lógica. Afinal, como saber se alunos de escolas diferentes tiveram acesso ao mesmo conteúdo cobrado na prova.
É por essas e outras razões que o Ministério da Educação estipula bases nacionais curriculares comuns para o Ensino Básico em nosso país. Quer saber tudo sobre a BNCC e quais as suas principais implicações no futuro do Enem? Continue a leitura pelos tópicos a seguir.
O que é BNCC e para que serve?
A Base Nacional Comum Curricular, também chamada de BNCC, é um documento normativo produzido pelo Ministério da Educação. A construção da atual BNCC em vigência iniciou suas consultas públicas oficialmente em 2015, até que sua versão final fosse homologada pelo ministro da Educação em 2017, Mendonça Filho.
A formulação da BNCC utilizou parâmetros estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, pela Lei de Diretrizes e Bases (1996), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e os Parâmetros Curriculares Nacionais.
No documento formulado durante todas estas discussões há uma definição dos conjuntos de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio).
A BNCC serve para nortear a construção dos currículos dos sistemas educacionais e das redes de ensino de todos os entes federativos, assim como as suas propostas pedagógicas, a formação de professores e as avaliações destes processos.
Quais são os objetivos da BNCC?
Segundo o Ministério da Educação, a BNCC deve assegurar aos estudantes o desenvolvimento dessas dez competências gerais básicas:
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Ou seja, ao se formar, o aluno deve ter ser capaz de executar todas estas competências que auxiliaram a ser um cidadão mais crítico, preparado para os desafios e consciente de como identificar problemas e encontrar soluções. Esta proposta vai além de decorar conteúdos específicos, mas saber como aplicá-los e a importância de cada coisa que aprendeu na escola em seu cotidiano.
Qual a importância da BNCC para a educação?
Sem um documento como a BNCC, gestores e agentes educacionais ficam sem uma proposta unificada básica para os caminhos da educação em nosso país, o que poderia aumentar ainda mais os abismos já existentes entre os estudantes de classes e regiões diferentes.
De acordo com informações preliminares do Ministério da Educação, o Enem deve continuar dividido em dois dias de provas. Na primeira etapa da prova, estariam presentes a redação e as competências e habilidades das quatro áreas gerais da BNCC (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), mas sem divisão por disciplinas, estimulando a interpretação dos participantes.
Já no segundo dia de Enem seriam inseridos os “itinerários formativos” escolhidos pelos alunos durante sua formação no Ensino Médio. As escolas têm autonomia para montarem seus próprios itinerários formativos.
A reformulação do Enem ainda está em discussão e sua aplicação da nova versão baseada no Novo Ensino Médio está prevista para 2024
O Enem se tornou a maior porta de entrada para o Ensino Superior no Brasil. A prova se consolidou e hoje é reconhecida por centenas de faculdades como forma de ingresso, dispensando a necessidade de realizar um vestibular para cada lugar.
Mesmo com as mudanças que estão por vir com o Novo Ensino Médio e as possíveis alterações na BNCC, saiba que dificilmente o ingresso via Enem será descartado, devido ao seu grande reconhecimento como prova que avalia as competências gerais dos estudantes.
Se você fez o Enem recentemente, saiba que não é preciso esperar os editais do governo, como Sisu, Prouni e Fies para conseguir uma vaga na universidade. Com a nota do Enem em mãos, você pode até conseguir bolsas de estudo para todo o período da faculdade sem precisar comprovar renda.
Selecionamos algumas faculdades com reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) que oferecem vantagens exclusivas e também permitem o ingresso via nota do Enem. Confira cada uma delas, conheça a estrutura e os cursos disponíveis:
