Hora de pedir o seu dinheiro de volta
Agora
que a lista da Federal já saiu, os aprovados, além de comemorar muito,
se lembram daquele dinheiro que foi usado para fazer a matrícula em uma
faculdade particular. Felizmente, boa parte da quantia pode – e deve –
ser devolvida ao estudante que desistir de fazer a universidade
privada, mas é preciso tomar certos cuidados.
Em
junho do ano passado, Carlos Roberto Gonçalves, 42 anos, prestou
vestibular para Direito em uma universidade particular de Curitiba.
Passou, fez a matrícula, mas desistiu da faculdade por problemas
financeiros. No dia em que as aulas começariam, solicitou o
cancelamento do registro acadêmico e a devolução do dinheiro pago, mas
teve o pedido negado. “As aulas iriam começar naquele dia à noite e eu
procurei a universidade pela manhã. Eles alegaram que eu deveria ter
pedido o cancelamento um dia útil antes do início do curso, mas isso
não estava no contrato”, conta ele, que após tentar um acordo com a
instituição recorreu ao Procon-PR, órgão de defesa do consumidor ligado
ao governo estadual, e aguarda uma audiência conciliatória.
Situações semelhantes à de Gonçalves costumam provocar impasse entre
alunos e instituições de ensino superior nessa época do ano. Como o
resultado dos vestibulares das universidades particulares é divulgado
antes das listas das públicas, o aluno aprovado se vê obrigado a pagar
a matrícula – para garantir a vaga – antes de saber se passou em outros
lugares. Depois que saem as listas das federais e estaduais, os alunos
que optam pelas públicas voltam às particulares em busca da devolução
do dinheiro, mas nem sempre obtêm sucesso.
Especialistas em Direito do Consumidor dizem que não há uma lei
específica que trate da questão. No entendimento do Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), entretanto, o aluno que
desiste do curso antes do início do ano letivo deve receber de volta o
valor integral da matrícula. Mesmo assim, a advogada do Idec Maíra
Feltrin ressalta que o contrato firmado entre a universidade e o aluno
pode incluir a previsão de multa em caso de cancelamento da matrícula.
“Caso o aluno desista antes do início das aulas, a universidade pode
cobrar até 10% do valor total do contrato”, explica. Se a mensalidade
for de R$ 1 mil e o contrato for de seis meses, por exemplo, a
instituição pode cobrar até 10% de R$ 6 mil, o que corresponde a R$
600. De acordo com Maíra, o valor máximo da multa é estabelecido pelo
decreto federal 22.626, de 7 de abril de 1933.
Acordo
No Paraná, as faculdades e universidades privadas seguem orientações
específicas quanto à devolução do dinheiro do registro acadêmico. Um
acordo firmado entre o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná
(Sinepe-PR) e o Procon-PR prevê a restituição de no mínimo 80% do valor
pago pelo aluno, caso ele solicite o cancelamento até um dia útil antes
do início das aulas. “O aluno tem um ônus por rescindir o contrato. Por
esse acordo, estabeleceu-se uma multa de 20% do valor da mensalidade”,
explica Cláudia Silvano, advogada responsável pelo atendimento pessoal
do Procon-PR, que recebeu ano passado 86 reclamações relativas a
cancelamentos de serviços educacionais. O órgão, porém, não soube
informar quantos casos se referem a instituições de ensino superior,
nem deu detalhes de cada processo.
* * * * * *
Cartas
Tolerância na UFPR
Levei meu filho em duas ocasiões para prestar exames na UniBrasil.
Na primeira vez, quando ele participou de um concurso público,
enfrentei uma fila gigantesca na Avenida Vitor Ferreira do Amaral, para
dobrar à esquerda e entrar na Rua Konrad Adenauer. Na segunda vez, para
a 2.ª fase da UFPR, passei ao lado daquela fila e peguei outro retorno
logo adiante, a cerca de 300 metros do primeiro. Como da primeira vez,
não vi ninguém orientando os motoristas para essa opção, o que com
certeza teria evitado tanto transtorno.
Ingrid N. Lima, Curitiba, por e-mail.
Redação da PUCPR 1
Acho que devido a um enunciado mal elaborado da redação do processo
seletivo da PUCPR foi solicitado um texto narrativo e, para não
desconsiderar a redação da maioria dos candidatos, optou-se por validar
todos os estilos de redação. Desta forma, os vestibulandos que fizeram
a redação da maneira solicitada foram prejudicados devido aos
diferentes graus de dificuldade nos estilos. Os que fizeram certo
perderam pontos indispensáveis, principalmente em vestibulares mais
concorridos como Medicina. Sendo assim, a credibilidade desta
instituição quanto à aplicação deste processo seletivo ficou realmente
comprometida.
Elvira Moreira, por e-mail.
Redação da PUCPR 2
Acho lamentável a postura da PUCPR quanto à avaliação das redações
neste último processo seletivo. O enunciado, que pedia uma “narrativa”,
não foi compreendido pela maioria dos candidatos, acho que devido à
falta de clareza. Então, eles optaram por considerar corretas todas as
outras formas de redação, prejudicando assim os candidatos mais
preparados, que entenderam o enunciado e tinham conhecimento das
diferenças nos diversos tipos de textos. Estes pontos “extras” devem
ter feito muita diferença, principalmente para os vestibulandos de
cursos mais concorridos.
Marina Moreira, arquiteta, Curitiba.
Cotas
É de causar revolta: mesmo tendo sido qualificados no resultado
final do vestibular (UTFPR), candidatos acabam perdendo o direito ao
curso pretendido para alunos com notas inferiores às suas. O sistema de
cotas é a maior insensatez já criada no nosso sistema educacional.
Desde quando os alunos serão futuramente selecionados no mercado de
trabalho por algo que não seja a pura competência? Tentando corrigir
uma falha na formação de base dos alunos da falida educação pública, o
MEC acaba por criar uma discriminação sem precedentes. Por outro lado,
temos milhares de afrodescendentes com muito valor e que são declarados
“inferiores” pela instituição das cotas. Acredito que eles também podem
e devem mostrar sua competência sem necessidade de esmolas. Nos dois
casos, a discriminação é evidente e injusta para com os alunos que
provaram sua aptidão.
Fred Branco, por e-mail.
Plano de estudo
Em 2009 estarei cursando o 4º ano do ensino médio, pois faço curso
técnico em Administração; pretendo prestar vestibular para Economia na
UFPR, estudo desde meados de 2008 e agora acelerei o ritmo para que eu
possa passar no vestibular logo de primeira, pois não pretendo fazer
diversas vezes. Quero também ingressar no curso preparatório da UFPR,
pois, além de ser gratuito, tem professores da própria Federal
ministrando as aulas, o que torna mais fácil a compreensão, pois eles
focalizam questões que são de maior domínio. Além de ter de mudar
completamente a rotina, pois eu estudo pela manhã e faço estágio à
tarde, terei apenas sábados, domingos e feriados para estudar. Mesmo
assim, com certeza, usarei muita determinação para passar na UFPR.
André da Silva Duncke, por e-mail.
Faculdades
Como é a devolução em algumas instituições particulares da capital
Universidade Positivo – O aluno pode pedir o
cancelamento até o meio-dia de 14 de fevereiro (sábado). As aulas
começam no dia 16, segunda-feira. A instituição devolve 80% do valor da
matrícula. Cinco dias úteis após a data da solicitação, o estudante
terá o valor depositado em conta corrente ou poderá retirar o cheque no
Protocolo da UP.
PUCPR – Devolve 80% do valor da matrícula, desde
que o aluno peça o cancelamento até um dia útil antes do início das
aulas. A instituição normalmente solicita 30 dias para restituir o
valor.
Tuiuti – O aluno pode pedir a restituição do
dinheiro da matrícula até 6 de fevereiro (sexta-feira). As aulas
começam no dia 9, segunda-feira. A devolução demora em torno de duas
semanas e é de 80% do valor pago.
Unicuritiba – A instituição devolve 80% do valor
pago se a solicitação for feita antes do início das aulas. As aulas dos
cursos superiores de tecnologia começam em 2 de fevereiro e as aulas
dos bacharelados e licenciaturas, em 9 de fevereiro.
Evangélica – O resultado do vestibular para o curso
de Medicina foi divulgado em 11 de dezembro, mas os aprovados têm até
16 de janeiro para efetuar a matrícula – assim, os aprovados na UFPR
que prefiram fazer Federal nem precisam se matricular e pedir a
devolução posteriormente.
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