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Biologia

A Cana de Açucar

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A cana-de-açúcar,

nome comum de uma herbácea vivaz, planta da família das gramíneas,

espécie Saccharum officinarum, originária da Ásia Meridional, é muito

cultivada em países tropicais e subtropicais para obtenção do açúcar,

do álcool e da aguardente, devido a sacarose contida em seu caule,

formado por numerosos nós.

Os colmos, caracterizados por nós bem marcados e entrenós distintos,

quase sempre fistulosos, são espessos e repletos de suco açucarado. As

flôres, muito pequenas, formam espigas florais, agrupadas em panículas

e rodeadas por longas fibras sedosas, congregando-se em enormes pendões

terminais, de coloração cinzento-prateado.

Existem diversas variedades cultivadas de cana-de-açúcar,

que se distinguem pela cor e pela altura do caule, que atinge entre 3 e

6 m de altura, por 2 a 5 cm de diâmetro, sendo sua multiplicação feita,

desde a antiguidade, a partir de estacas (algumas variedades não

produzem sementes férteis). A cana-de-açúcar é cultivada,

principalmente, em clima tropical onde se alternam as estações secas e

úmidas. Sua floração, em geral, começa no outono e a colheita se dá na

estação seca, durante um período de 3 a 6 meses.

Embora se tenha ensaiado com êxito o uso de várias máquinas para

cortar cana, a maior parte da colheita ainda é feita manualmente, em

todo o mundo. O instrumento usado para o corte costuma ser um grande

machete de aço, com lâmina de 50 cm de comprimento e cerca de 157 cm de

largura, um pequeno gancho na parte posterior e cabo de madeira. Na

colheita, a cana é abatida cortando-se as folhas com o gancho do

machete e dando-se outro corte na parte superior, à altura do último nó

maduro. As hastes cortadas são empilhadas e depois recolhidas,

manualmente ou com máquinas. Atadas em feixes, são levadas para as

usinas, onde se trituram os caules para extração do caldo e posterior

obtenção do açúcar.

No Brasil, a indústria açucareira remonta a meados do século XVI.

Nascia então o ciclo do açúcar, que durou 150 anos. O Brasil, embora

grande produtor de açúcar desde a Colônia, expandiu muito a cultura de

cana-de-açúcar a partir da década de 1970, com o advento do Pro-Álcool

– programa do governo que substituiu parte do consumo de gasolina por

etanol, álcool obtido a partir da cana-de-açúcar – sendo pioneiro no

uso, em larga escala, deste álcool como combustível automotivo. O

Programa Nacional do Álcool (Pro-Álcool), lançado em 14 de novembro de

1975, deveria suprir o país de um combustível alternativo e menos

poluente que os derivados do petróleo, mas acabou sendo desativado.

É plantada, no Sudeste do Brasil, de outubro a março e colhida de

maio a outubro, e, no Nordeste, de julho a novembro e colhida de

dezembro a maio. De acordo com as condições de produção, o rendimento

anual é de 50 a 100 toneladas por hectare. A média brasileira é de 60

toneladas por hectares e, no Estado de São Paulo, de 74 toneladas por

hectares (1983), com teor de açúcar extraído de 9 a 12% e rendimento em

álcool de 70 litros por tonelada.

O bagaço, resíduo da cana depois da extração do suco, é aproveitado

como bagaço hidrolisado, juntamente com a levedura da cana (resíduo da

fermentação), em rações para a alimentação do gado confinado. A vinhaça

ou vinhoto, outro resíduo, também pode ser usada como adubo, mas no

Brasil muitas vezes é lançada aos rios, apesar da proibição, causando

grave poluição e mortandade de peixes.

A cana-de-açúcar foi introduzida na China antes do início da era

cristã. Seu uso no Oriente, provavelmente na forma de xarope, data da

mais remota antiguidade. Foi introduzida na Europa pelos árabes, que

iniciaram seu cultivo na Andaluzia. No século XIV, já era cultivada em

toda a região mediterrânea, mas a produção era insuficiente, levando os

europeus a importarem o produto do Oriente. A guerra entre Veneza, que

monopolizava o comércio do açúcar, e os turcos levou à procura de

outras fontes de abastecimento, e a cana começou a ser cultivada na

Ilha da Madeira pelos protugueses e nas Ilhas Canárias pelos espanhóis.

O descobrimento da América permitiu extraordinária expansão das

áreas de cultura da cana. As primeiras mudas, trazidas da Madeira,

chegaram ao Brasil em 1502, e, já em 1550, numerosos engenhos

espalhados pelo litoral produziam açúcar de qualidade equivalente ao

produzido pela Índia. Incentivado o cultivo da cana pela Metrópole, com

isenção do imposto de exportação e outras regalias, o Brasil tornou-se,

em meados do século XVII, o maior produtor de açúcar de cana do mundo.

Perdeu essa posição durante muitas décadas, mas na década de 1970, com

o início da produção de álcool combustível, voltou a ser o maior

produtor mundial.

A lavoura da cana-de-açúcar, foi a primeira a ser instalada no

Brasil, ainda na primeira metade do século XVI, tendo seu cultivo

ampliado da faixa litorânea para o interior. No Nordeste, depois de

passar da Mata para o Agreste, migrou para as manchas úmidas do sertão.

Desenvolveu-se em dois tipos de organização do trabalho: a grande

lavoura voltada para a produção e exportação do açúcar, com o uso

extensivo da terra, da mão-de-obra, representando muito no volume de

produção do Brasil até mesmo nos dias atuais; e a pequena lavoura,

empregando mão-de-obra em reduzida escala, voltada para a subsistência

do seu proprietário ou para o pequeno mercado regional ou local, de

volume de produção insignificante se comparado com a anterior.

Pode-se dizer que no Brasil a cana-de-açúcar deu sustentação ao seu

processo de colonização, tendo sido a razão de sua prosperidade nos

dois primeiros séculos. Foi na Capitania de Pernambuco, pertencente a

Duarte Coelho, onde se implantou e floresceu o primeiro centro

açucareiro do Brasil, motivado por três aspectos importantes: a

habilidade e eficiência do donatário; a terra e clima favorável à

cultura da cana; e a situação geográfica de localização mais próxima da

Europa em relação à região de São Vicente (São Paulo), outro centro que

se destacou como inciador de produção de açúcar do Brasil Colonial.

O progresso da industria açucareira foi espantoso no fim do século

XVI. Na Bahia, onde os indígenas haviam destruído os primeiros

engenhos, a produção de açúcar começou após 1550. Alagoas, fronteira

com Pernambuco, só teve seu primeiro engenho por volta de 1575. Em

Sergipe, os portuguêses procedentes da Bahia, inciaram a produção da

cana-de-açúcar a partir de 1590. Na Paraíba, a primeira tentativa de

introdução da cultura da cana foi em 1579, na Ilha da Restinga,

fracassada pela invasão de piratas franceses na região (a implantação

definitiva da cultura da cana na Paraíba surgiu com seu primeiro

engenho em 1587). No Pará, os primeiros engenhos foram instalados pelos

holandeses, prossivelmente antes de 1600 (o primeiro engenho português

no Pará começou a funcionar entre 1616 e 1618). Tanto no Pará, quanto

no Amazonas, os engenhos desviaram sua produção para aguardente, em vez

de açúcar. A fabricação de açúcar no Ceará não chegou a ter relevo –

começou em 1622, mas logo passou a fabricar aguardente. No Piauí a

história identifica que a lavoura de cana foi inciada por volta do ano

de 1678 e, no ano de 1692, registra-se apenas um engenho em atividade

no Rio Grande do Norte.

Engenho antigo e o secular carro de boi

Na região nordestina, representada principalmente por Pernambuco,

Bahia, Alagoas e Paraíba, reinava a riqueza devido a monocultura da

agroindústria açucareira que pagava todos os custos e cobria todas as

necessidades da Capitania. Na época da abolição da escravatura (1888),

os engenhos já tinham incorporado praticamente todas as inovações

importantes da indústria do açúcar existentes na época em qualquer

parte do mundo, e com a abolição, passou a dispor de recursos

financeiros que antes eram destinados à compra e manutenção de

escravos. A partir daí surgiu uma nova etapa na indústria açucareira

brasileira, com o aparecimento dos chamados “Engenhos Centrais”,

percursores das atuais Usinas de Açúcar.

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