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Biologia

Células Tronco

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Muito tem-se falado atualmente

nas famosas células-tronco. Há aqueles que são à favor de seu estudo e

aqueles que são contra. Entretanto, muita gente que opina tem apenas

uma noção do que seja uma célula-tronco. Outros não fazem a mínima idéia

do que seja e mesmo assim querem opinar. Para termos uma opinião

coerente sobre o assunto, é necessário conhecê-lo e, principalmente,

entendê-lo. E então? Vamos fazer isso?

Definição:

Uma

simples definição para “célula-tronco” seria: “célula indiferenciada

capaz de se diferenciar em qualquer outro tipo de célula”.

Traduzindo… seria uma célula semelhante à célula de um embrião, a

qual não tem ainda forma e função definida, mas que é capaz de se

modificar, se transformar em qualquer tipo de célula do corpo, seja um neurônio (célula nervosa), um hepatócito (célula do fígado), uma célula epitelial (da pele), etc.

Utilização:

Conseguem

imaginar uma célula com capacidade de regenerar qualquer tipo de

tecido? Conseguem vislumbrar o potencial que elas têm na medicina? Se

você corta sua pele, ela se regenera naturalmente. Se você tem

problemas no fígado, ele também é capaz de se regenerar naturalmente.

Mas e quanto aos tecidos que não se regeneram? Um problema cardíaco atualmente só é solucionado com um transplante.

Pessoas que ficam paraplégicas ou tetraplégicas não podem jamais voltar a andar. Pessoas com doenças neurodegenerativas como “Parkinson” ou “Alzheimer

morrem sem ter a oportunidade de cura. São apenas alguns dos problemas

que podem ser solucionados com a utilização das Células-Tronco.

Resumindo: elas podem salvar vidas, curar doenças tidas como

incuráveis, fazer paralíticos voltarem a andar… Sua pesquisa é sem

dúvida alguma imprescindível à humanidade! Mas então qual é o problema?

Células-Tronco Somáticas X Células-Tronco Embrionárias:

As Células-Tronco adultas são chamadas de Células-Tronco Somáticas (CTS‘s)

e são encontradas na Medula Óssea. São células raras e dispersas nos

tecidos, o que dificulta a sua obtenção, além de serem mais difíceis de

se manipular e diferenciar em laboratório. CTS‘s podem ser coletadas no cordão umbilical, gordura e medula óssea, mas sem apresentar as mesmas capacidades de diferenciação que as CTE‘s.

As Células-Tronco encontradas em embriões são chamadas de Células-Tronco Embrionárias (CTE‘s). Elas são extraídas de embriões na fase de “blastocisto“.

São obtidas através de um processo chamado de “Clonagem Terapêutica”. O

material genético do indivíduo é inserido num óvulo, gerando um embrião

com as mesmas características genéticas desse indivíduo (literalmente

um clone) e, ao chegar na fase de blastocisto, o desenvolvimento é interrompido e as CT‘s são extraídas. Esse tipo de CT é muito mais fácil de se multiplicar e diferenciar em laboratório.

Célula-Tronco Somáticas da Medula Óssea gerando os diversos tipos de células sanguíneas do ser humano.

Extração e Utilização das Células-Tronco Embrionárias

Dilema Ético:

Como mencionado acima, as CTE‘s são muito mais fáceis de se obter e se trabalhar do que as CTS‘s. Entretanto, para se obter as CTE‘s,

é necessário se gerar um embrião humano e interromper sua “vida” para

utilizar as suas células. Tal fato é o que leva a intermináveis debates

éticos e até mesmo religiosos. São comuns perguntas do tipo: “Será que

é mesmo certo utilizarmos uma vida humana para salvar outras?”

Ou ainda

muito além disso: “O que define uma vida humana?” Será que um

“aglomerado de células” é uma “vida”? A maioria das religiões considera

“morto” um ser cujo cérebro parou de funcionar. Por que considerar um

embrião “vivo” se ele ainda nem possui neurônios?

Essas e muitas outras perguntas são debatidas incessantemente em

eventos científicos e religiosos, nos meios de comunicação, etc. E

enquanto o debate prossegue, as pesquisas são atrasadas e as “curas

milagrosas” adiadas.

Novidades Recentes:

  • Um estudo descreveu um procedimento no qual obteve-se células individuais (CTE‘s) retiradas em uma fase em que o embrião humano é formado apenas por uma esfera de poucas células (uma mórula).

    Em tese, a técnica permite que as células remanescentes originem um

    organismo completo, caso sejam devidamente implantadas em um útero. (É

    retirado apenas um blastômero

    de um total de 8). Isso permite que se trabalhe com esta “única”

    célula-tronco, multiplicando-a em laboratório, sem matar o embrião que

    ainda terá 7 células e se desenvolverá num ser humano normal. Ainda

    faltam muitos testes…

  • Em 2007, pesquisadores norte-americanos

    e japoneses conseguiram “reprogramar” células da pele humana inserindo

    nelas alguns genes por meio de vírus. Foi possível “desdiferenciá-la” e “rediferenciá-la”,

    ou seja, transformou-se a célula de pele em um outro tipo de célula.

    Entretanto, o risco de gerar tumores é muito grande nesse processo…

  • Células coletadas do líquido amniótico podem representar uma esperança no tratamento ou cura de doenças neurodegenerativas e diabetes. Conseguiu-se isolar CT‘s do líquido amniótico coletado em exames feitos por volta da 16ª semana de gestação. As CT‘s do líquido amniótico são tão boas quanto às CTE‘s. E por serem mais “maduras” que as CTE‘s, não causam tumores. Faltam estudos…

  • O

    cordão umbilical também pode ser utilizado. Algumas pessoas o armazenam

    em bancos privados por 700 reais ao ano. Outros são doados a bancos

    públicos para serem usados por qualquer um, depois de testados

    geneticamente. Se o cordão do doador tiver características compatíveis

    com o receptor, a utilização é possível. Faltam estudos…

Micrografia (Fotografia Microscópica) de Células-Tronco Embrionárias de um Rato (Colorizadas por Computador)

Conclusão:

Como podem ver, as CT‘s

podem trazer inúmeros benefícios à humanidade. Mas a sua obtenção é

difícil demais, a não ser que se utilizem embriões. E ao utilizar

embriões, geramos os problemas éticos citados. Qual a solução? Ainda

não se encontrou a resposta…

Muitos são a favor de utilizar as CT‘s mesmo destruindo embriões, pois o consideram “sem vida”. Outros defendem até o fim que mesmo um embrião é uma vida humana e que não é justo interromper essa vida, mesmo pela mais nobre das causas. E você? De que lado está?

Opinião Pessoal:

Eu já pensei muito à respeito disso… rsrs

Como cientista, a minha tendência é ficar sempre ao lado da ciência,

obviamente. Mas tenho mudado meu ponto de vista sobre algumas coisas atualmente.

Sobre a utilização de embriões, eu mantenho a minha opinião: para mim,

embriões são meros aglomerados de células, não um “ser humano”. Para

mim, o que define um “ser humano” vai muito além de meros conceitos

biológicos. Tenho várias teorias e conceitos sobre esse assunto, mas

enfim… esse não é o debate.

Agora quanto à utilização das CTE‘s, mudei minha opinião e passei a ser contra. Parece ilógica a minha decisão, mas não é. rsrs

Eu tenho percebido que o ser humano é dotado de uma capacidade criativa

formidável. Vejo que soluções estão sendo encontradas e acredito que

muito em breve obteremos CT‘s

de outras formas que não sejam embrionárias. O grande problema do ser

humano é seguir sempre o caminho “mais fácil”. Se for permitida a

utilização das CTE‘s, ninguém mais vai se preocupar em encontrar uma alternativa e esse, ao meu ver, é o grande problema. Entendem a questão?

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