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Biologia

DOENÇAS – CÂNCER

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Existe mais de cem doenças denominadas câncer, que de acordo com sua expressão gênica, local de origem e os tecidos que ocupam, compõem uma diversidade tal de neoplasias, sendo só no Brasil a segunda doença que mais leva a óbitos. Tão numerosos como a doença são os fatores que as proporcionam, esses podem ser fatores ambientais ou hereditários.

A maioria dos casos de câncer, aproximadamente 80%, está relacionada ao meio ambiente, no qual encontramos um grande numero de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (industrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) e o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida) e dentro destes ambientes existe inúmeros agentes e outros fatores, como os físicos; os virais e hormonais; fatores imunológicos; doenças pré-cancerosas e outras formas de agressão ao organismo, sendo esses responsáveis por determinar diferentes tipos de câncer.

São raros os casos de câncer que se deve exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um importante papel na oncogênese. Um exemplo é os indivíduos portadores de retinoblastoma que, em 10% dos casos, apresentam história familiar deste tumor.

Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter forte componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos membros da família a uma causa comum.

Determinados grupos étnicos parecem estar protegidos de certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é rara em orientais, e o sarcoma de Ewing é muito raro em negros. Assim podemos deduzir que os diferentes tipos de câncer, independentes de seus fatores constituintes, possuem uma raiz em comum; de causa genética.

O processo de desenvolvimento celular, no homem, se inicia com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, dando origem ao zigoto, que em um processo de divisões sucessivas, dá origem a todas as células que formam o individuo, diferenciando-se e compondo os diferentes órgãos com as mais variadas funções.

Todo esse processo obedece às instruções contidas nos cromossomos, que por sua vez são compostos por genes, que guardam e fornecem instruções para organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo. A informação genética é inscrita nos genes, numa memória química; o acido desoxirribonucléico (DNA). É através do DNA que os cromossomos passam as informações para o funcionamento da célula.

O que torna uma célula diferente e lhe atribuí especificidades, é a ativação de genes específicos de seu DNA. Desta forma podemos entender que, apesar de no indivíduo, diferentes células exercerem atividades metabólicas diferentes, elas ainda permanecem idênticas no que se refere ao conteúdo genético, sendo diferenciadas apenas pela porção ativa de seu genoma. Do mesmo modo, numa visão geral, é o que ocorre com uma célula que se torna cancerígena, com o invés de que sua diferenciação ocorre por falhas involuntárias e sucessivas em seu material genético.

Na interfase celular, durante a replicação do DNA, cada fita pode atuar como um molde para a síntese de uma nova fita complementar, dessa forma, a informação genética no DNA pode ser precisamente copiada por meio de um processo simples.

Caso ocorra erro na seqüência das bases ligante da molécula, a DNA-polimerase (enzima que sintetiza DNA) pode corrigi-los. Isso é de uma importância crucial para a cópia do DNA, pois qualquer alteração no seqüênciamento de suas bases, constituirá em uma mudança permanente do DNA, a qual denominamos mutação.

As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que promovem o crescimento e a diferenciação nas células normais, sendo expressos em momentos específicos do ciclo celular, fora a suas especificidades, são inativos em células normais, devido a um gene de supressão tumoral (anti-oncogenes), que regulam a apoptose (morte celular programada) e os genes de reparo agredidos.

Quando ativados os proto-oncogenes transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignizaçao das células normais. Essa ativação pode ocorrer por diferentes mecanismos que incluem erros na seqüência genética (mutação), rearranjo no material genético (translocação), perdas de informações contidas em alelos de alguns cromossomos (deleção) e duplicação repetitiva de fragmentos de genes que causam alongamento dos cromossomos (amplificação).

O dano genético a uma célula pode deletar ou degradar um gene supressor de tumor suprimindo proteínas que normalmente assegurariam a integridade do genoma e o processo do ciclo celular. Entretanto, para que uma célula seja considerada cancerosa, esta precisa passar por mutações sucessivas e especificas, que não sejam letais para si e que as dotem de características especiais, descritas nos seis passos que se segue:

1 – Os oncogenes, aceleram o ciclo celular, fazendo com que as células se dividam em ritmo acelerado, mesmo sem receberem instruções (sinalização) para isso, simulando sinais pró-crescimento como os recebidos pelas proteínas sinalizadoras Ras.

2 – Nessa fase as células não respondem as mensagens químicas do meio externo, como o sinal de parada emitidos pelas células adjacentes, que são suprimidas pelo tumor em expansão.

3 – Nesse estagio, as células cancerígenas ignoram o programa de apoptose, mesmo que os anti-oncogenes estejam ativados.

4 – Os tumores precisam de oxigênio e nutrientes para sobreviver, para isso obtêm a capacidade para induzir o crescimento de vasos sanguíneos próximos (angiogênese), que correm por toda a massa em crescimento.

5 – Apenas a multiplicação acelerada não é o bastante para um tumor se estabelecer, pois as células possuem um relógio biológico (telômeros) que limitam o número de vezes que uma célula pode se dividir durante seu ciclo (aproximadamente 50 a 70x). Porém, células malignas conseguem forçar a taxa reprodutiva além do limite.

6 – Nesse ultimo passo, é que se pode definir um tumor como um câncer letal, pois nesta fase ele adquire a propriedade de se livrar do tecido ao que estava confinado e passa a invadir outros tecidos através da corrente sanguínea. A este tipo de câncer chama-se câncer secundário e a este processo denomina-se metástase.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFIA

LIVROS:

ALBERTS, Bruce, BRAY, Dennis, JOHNSON, Alexander, et all. Fundamentos da Biologia Celular. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 1999. 755p.

BROWN, Terry A. Genética: Um Enfoque Molecular. 3a edição. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1999. 336p.

FUTUYMA, Douglas J. Biologia Evolutiva. 2a edição. Ribeirão Preto, Sociedade Brasileira de Genética/CNPq, 1992. 631p. UNIFIEO: 575.8/F996b/2.ed.e.2

HOFFEE, Patrícia A. Genética Medica Molecular. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2000. 319p.

LIMA, Celso P. Genética Humana. 3a edição. São Paulo, Harbra, 1996. 442p.

RESS, Gareth J. G. Câncer. São Paulo, Editora Três, 2001. 114p.

THOMPSON, Margaret W., McINNES, Roderick R., WILLARD, Huntington F. Genética Médica. 5a edição. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1993. 339p.

SITES:

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Programas de Controle do Câncer. O Problema do Câncer no Brasil.

http:// www.inca.gov.br/index.asp – Acesso em 17 de maio 2004.

ALINÇA MEDICA CONTRA O CÂNCER. (2002) A Genética da Imortalidade. http://www.amcc.com.br/final/ent_pac.asp – Acesso em 24 de maio 2004.

Por: Nilson Moura Jr

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