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Notícias

Os pobres fugiram da prova da USP

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No feriado prolongado da semana passada, a crise econômica deu uma

folga nas manchetes, substituída pela aprovação na Câmara dos Deputados

de projeto que cria cota de 50% nas vagas em universidades federais

para estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas.

Observados os dados do IBGE, metade das vagas será reservada para

negros, pardos e índios, na proporção da população de cada estado. Um

acordo permitiu uma mudança na cota: estará reservada metade das vagas

para estudantes de famílias com renda igual ou inferior a um salário

mínimo e meio per capita. O deputado e ex-ministro da Educação, Paulo

Renato Souza, cerrou fileiras em torno da situação de renda como

determinante do desempenho na escola e costurou o acordo em torno de

cota dentro da cota para a baixa renda.

O ministro da Educação,

Fernando Haddad, procurou preservar a operacionalidade no sistema, com

imposição gradativa das cotas, tentando salvar o possível da autonomia

universitária. Vale notar que o populismo correu solto, a ponto da

aprovação do projeto ser feita por acordo, sem registro de votos em

plenário.

De fato, é tudo bem confuso nesse assunto de cotas. O alvo

maior delas é abrir oportunidades educacionais para quem não as têm,

incluindo negros e brancos pobres na idéia da boa universidade como

caminho para melhorar a vida. Aqui está o problema: a universidade

pública consegue mesmo atrair a fatia mais carente da sociedade, tão

necessitada da boa escola para alterar o futuro?

A Universidade de São

Paulo (USP) criou o Inclusp, um programa de inclusão para aproximar a

melhor universidade do País das escolas públicas de ensino médio. Pois

bem, a USP realizou no domingo, em 9/11, a primeira prova do Programa

de Avaliação Seriada (Pasusp), que atraiu 48.862 inscritos entre os 107

mil alunos do terceiro ano do ensino médio. Essa avaliação, não

obrigatória, foi aplicada pela Fuvest em cinco regiões da capital e 44

cidades do interior, com 50 questões objetivas. O drama é que somente

16,1% dos inscritos foram fazer a prova, exatos 7.889 estudantes entre

os quase 50 mil que se interessaram pelo Pasusp.

É fato que ocorreram

algumas arestas entre a Secretaria Estadual de Educação (que queria

usar seu próprio sistema de avaliação) e a universidade, mas isso não

explica por que 85% dos inscritos desistiram da prova. O Inclusp

ofereceu um bônus de 3% inicial na nota final dos alunos da escola

pública na Fuvest. Nesse ano, dobrou a oferta, mais 3%, porém é preciso

fazer a prova do Pasusp.

Por enquanto, quantia mínima dos alunos da

escola pública, apenas 15%, aceitou essa boa oferta. A iniciativa da

USP é excelente e tem como princípio incentivar a participação do aluno

da rede pública no vestibular, com o bônus adicionado às notas das

provas da 1 e da 2 fases do vestibular.

Porém, não funcionou como

esperado. O que deu errado? Talvez, seja obrigatório reconhecer que sem

a intermediação do professor do ensino médio, estimulando, explicando o

que é uma boa universidade, atuando como “ponte” entre a expectativa do

jovem e a realização, o que acabará vitorioso é a sensação de que

“menos é mais” em Educação, de que toda faculdade é igual, pouco

importa o esforço, porque o que vale mesmo “é o diploma”.

Nessa lógica,

cota distribuída em baciadas, destrói mesmo o mérito e o princípio do

esforço. Por outro lado, é indiscutível: se a universidade não se

aproximar do ensino médio para ajudar a formar e a informar bem o

professor desse grau de ensino, o que continuará vitoriosa é a pura

abstenção do esforço.

Alguns especialistas sérios já avisaram que não

haverá procura suficiente para preencher cotas tão magnânimas nas

federais, como a extensa oferta não atendida do ProUni também mostrou.

Resta saber se a universidade pública, federal ou estadual pouco

importa, se interessará mesmo pelo futuro do ensino médio. Até o

momento, os sinais nessa direção não são os melhores. kicker: Dos

48.862 alunos do ensino público inscritos para o PasUsp, só 7.889 foram

fazer a prova

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