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Notícias

60 anos do fim da Segunda Guerra Mundial

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As comemorações das seis décadas da derrota do II

Reich são acompanhadas de importante reflexão sobre as causas do maior

conflito já vivido pela humanidade. O mesmo quanto a suas

consequências. O pós-Guerra gerou o sistema das Nações Unidas, que

evitou um novo conflito mundial desde então. Seu desaparecimento

poderia abrir caminho para uma Terceira Guerra Mundial.

O nazismo como movimento sócio-político radical da baixa classe

média da Alemanha não teria condições de desencadear a guerra se não

houvesse recebido o apoio do militarismo alemão, dos grandes

industriais e de grupos conservadores de outros países, articulados

pelos “apaziguadores” britânicos. E o ponto de convergência destes

apoios foi a crise de 29 e a Grande Depressão que a acompanhou, a qual

colocou em risco os fundamentos do sistema mundial. Esta crise acirrou

os conflitos entre as grandes potências, através da reação agressiva

dos “capitalismos tardios” (Alemanha, Itália, Japão), mais atingidos

pela depressão. Mas esta guerra não foi apenas um conflito

interimperialista, pois a crise estimulava os protestos, enquanto,

ironicamente, a URSS desenvolvia sua economia aceleradamente.

A guerra na Europa foi mais intensa e decisiva para a definição do

conflito, com a luta terrestre entre a Alemanha nazista e a URSS, por

seu enorme peso, intensidade e emprego de imensos contingentes humanos

e recursos materiais, determinante para o resultado da guerra (ainda

que os bombardeios anglo-americanos tenham sido importantes). Na Ásia,

o Japão travou guerras terrestres limitadas contra a China e as

colônias européias e uma guerra aeronaval contra os EUA. Portanto, o

emprego de tropas foi ali mais limitado. Além do mais, os japoneses

tiveram de enfrentar a superior capacidade tecnológica e industrial

americana, sem esperanças a longo prazo – ao contrário do que ocorria

no continente europeu, onde a definição do conflito só se esboçou

gradativamente, sob a influência de condições políticas complexas.

Para a derrota do Eixo, sem dúvida contribuíram três fatores

importantes. Em primeiro lugar, a grande força econômico-industrial e

tecnológico-militar dos EUA, cujo economia controlava a maior parte dos

recursos mundiais – enquanto Alemanha e Japão possuíam uma expressão

apenas regional. Embora tendo influenciado a guerra como um todo, a

superioridade econômica americana foi decisiva especialmente para a

vitória sobre o Japão, cuja política expansionista era mais prejudicial

aos interesses de Washington.

A URSS teve o papel preponderante na derrota do III Reich e

constituiu o segundo fator para a vitória aliada. A intervenção

anglo-americana no teatro europeu foi periférica, tardia e limitada.

Sem a resistência extremada do povo e do governo soviéticos, o nazismo

não teria sido detido na Europa, pois o exército franco-britânico

perdera força e o americano tinha dificuldade de enfrentar em terra a

Wehrmacht, qualitativamente superior. Mas deve-se observar igualmente

que a contribuição da URSS à derrota da Alemanha não foi apenas a de

uma nova potência industrial, mas a de um novo sistema social, o

socialismo.

O início da guerra aprofundara o enfraquecimento da esquerda. Mas a

opressão da “nova ordem”, com o holocausto judaico, cigano e eslavo,

estimulou os povos à resistência, que conheceu um crescimento contínuo,

em meio à intensa mobilização. Um dos pressupostos para a vitória do

nazismo era a intimidação pelo terror, mas nem toda a ferocidade

fascista conseguiu dobrar os povos. As resistências tornaram-se,

especialmente na Europa, importantes movimentos político-militares, nos

quais a força da esquerda – sobretudo comunista – acentuava-se. A

resistência, sobretudo dos povos racialmente desprezados pelo nazismo –

eslavos, latinos, greco-albaneses, etc., constitui-se num terceiro

fator para a derrota do Eixo.

No plano ideológico, a derrota do nazi-fascismo significou um forte

revés da extrema-direita, do racismo, da barbárie, do obscurantismo, do

militarismo, do genocídio, da reação mais torpe e de seus valores

opressivos, representando, por contraposição, a afirmação da

democracia, das liberdades individuais, sociais e nacionais e prestígio

para o socialismo. A derrota do nazi-fascismo marcou, ainda, o triunfo

de uma forma de capitalismo moderno e cosmopolita, dominado pelos EUA,

contra um capitalismo marcado por contornos retrógrados de dominação

social e de inserção no mercado mundial.

O custo social e econômico da II Guerra Mundial foi elevadíssimo e,

embora razoavelmente quantificado, é bastante difícil qualificá-lo.

Além da destruição propriamente dita, foram gastos um trilhão e meio de

dólares – ao valor de 1939 – durante o conflito que envolveu

diretamente 72 países e mobilizou 110 milhões de soldados. Houve 55

milhões de mortos, 35 milhões de mutilados e 3 milhões de

desaparecidos. A maioria das vítimas era constituída de civis. A nação

com maior número de vítimas foi a URSS, com 25 milhões, enquanto os EUA

tiveram apenas 350 mil mortes. Relembrar as causas, estratégias, formas

e consequências do conflito é fundamental quando o mundo mergulha em um

novo ciclo de violência incontrolável.

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