Como se preparar para o vestibular utilizando jornais e revistas
O convite para escrever nesta revista eletrônica muito me honrou e
desejo aproveitá-lo para abordar um tema bastante relevante para a
comunidade envolvida com os vestibulares. Jornais e revistas
constituem, juntos, excelentes recursos pedagógicos e, como tal, são
também instrumentos utilizados nas provas de diversos vestibulares
(especialmente, nas provas de redação e nas provas das disciplinas da
área de ciências humanas).
A preparação para o vestibular requer atenção no uso desses
recursos, tanto da parte dos alunos, quanto da dos professores em sua
ação didática no ensino médio. No interior desta temática, merecem
destaque duas linhas de reflexão: a importância da leitura e da utilização de jornais e revistas na formação do indivíduo, o que envolve a construção do conhecimento, e os cuidados que devem ser observados por docentes e discentes quando esses veículos de comunicação são incorporados na
prática pedagógica e em questões de provas. Abordarei a primeira dessas
duas linhas de reflexão, deixando a segunda para a próxima coluna.
É imperioso ressaltar a importância do ato de ler na formação mais
geral do indivíduo. Como revela o saudoso pedagogo Paulo Freire, o ato
de ler não se esgota na decodificação pura e simples da palavra
escrita, mas alimenta e amplia a compreensão das coisas e do mundo.
Logo, a leitura do mundo precede a leitura da palavra, mas se alonga ao
incorporar uma representação do mesmo no texto escrito, tendo como
referência um dado contexto histórico. Linguagem, representação e
realidade se prendem dinâmica e mutuamente.
No conjunto das práticas leitoras, não é possível prescindir de
textos como os científicos e os de ficção. No entanto, ler
continuamente jornais e revistas com seriedade é tarefa
necessária. Vários são os argumentos de defesa para a utilização desses
recursos. Detenho-me em dois a seguir.
A leitura de jornais e revistas facilita a atualização sobre a
dinâmica dos acontecimentos e promove o enriquecimento do debate sobre
temas atuais.
A rapidez com que a notícia é veiculada por esses meios é clara,
garantindo a complementaridade da construção do conhecimento promovida
pelas aulas e pelos livros didáticos. O apoio didático representado
pelo uso de jornais e revistas aproxima os alunos do mundo que os
cerca. Salvo alguns cuidados, que serão abordados na próxima coluna, o
discurso jornalístico propicia uma relativa aproximação com a intenção
de veracidade e objetividade, já que, muitas vezes, apresenta um
caráter documental com registro histórico da atualidade dos fatos,
apresentando análise de acontecimentos importantes da dinâmica social,
política e econômica, nas escalas local, regional, nacional e
internacional.
As características de diversificação e de atualização dos
conteúdos apresentados com linguagem concisa e de forma
transdisciplinar, são atributos que ajudam no aprimoramento da crítica
e da capacidade de fazer escolhas.
O desenvolvimento dos processos de aprendizagem, com o permanente
uso desses veículos, possibilita exercitar as capacidades de atenção,
observação, interpretação, síntese, análise, associação, comparação, o
que aprimora o poder de argumentação e de crítica. A simples seleção do
que usar dos jornais e revistas já representa um recorte crítico e
participativo do que interessa na preparação para os vestibulares. Ao
buscar as notícias e reportagens que interessam, ignorando outras (isto
é, ao editar a leitura), já há estímulo à tomada de decisões, a partir
de um processo de seleção. Iniciando por esse estímulo e incorporando
novos conhecimentos no processo de aprendizagem, se desenvolve a
capacidade de questionamento sobre que representação do real é
veiculada – e sobre como é veiculada –, favorecendo a formação de
opinião.
Logo, para concluir este primeiro texto sobre o tema, o
posicionamento crítico embutido na competência da leitura aponta para a
construção da cidadania. Isso denota que o uso de jornais e revistas é
indispensável no processo educativo, principalmente no momento
histórico atual, em que a velocidade e a instantaneidade são marcas
evidentes no mundo.
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