Contemplados com o Prouni reclamam de preconceito
O preconceito contra os alunos atendidos pelo ProUni muitas vezes está
estampado em vias públicas. É o que ocorre com a Faculdade Asa de
Brumadinho, que a cada semestre espalha outdoors nos principais
corredores de trânsito da capital, com mensagens que excluem,
explicitamente, os bolsistas do maior atrativo oferecido pela
instituição: o transporte gratuito. Por estar a 50 quilômetros de BH, a
universidade oferece ônibus a todos os alunos sem custo, desde que eles
estejam em dia com as mensalidades e não recebam benefício do ProUni.
Embora
a lei que regulamenta o programa proíba tratamento diferenciado aos
bolsistas, os alunos impedidos de viajar gratuitamente nos ônibus têm
que pagar uma taxa mensal de R$ 130 à instituição. A outra saída é
tomar um coletivo da rede metropolitana, cuja passagem é R$ 3,10.
“Entrei na faculdade em 2005 e desde então recebo cobranças pelo
transporte. Minha dívida chega a R$ 800 e não tenho como pagar, porque
diariamente tenho despesa com livros, cópias e merenda, e esse dinheiro
faz diferença para mim”, lamenta um aluno de direito da Asa, que não se
identifica por medo de retaliações.
Cansado das negociações
com a faculdade a cada início de semestre, o estudante pensa em acionar
a Justiça. “Minha nota no Enem foi maior que 90 pontos e eu poderia
estudar em qualquer outra instituição, mas preferi a Asa por confiar na
qualidade do ensino. Acho que eles são obrigados a me oferecer o mesmo
serviço prestado aos outros alunos e entendo isso como uma
discriminação. Meu nome nem sequer aparece na lista de chamada, um
absurdo”, desabafa.
Ex-aluno da Asa de Brumadinho, Filipe
Moreira, de 21 anos, conta que só conseguiu se formar graças a
liminares judiciais. Os problemas dele com a Asa também começaram em
2005, quando passou para o 2º período de direito. “A universidade
sempre fez propaganda do transporte gratuito e no 1º semestre não havia
nenhuma restrição. Logo que passei para o 2º período, eles começaram a
me cobrar, inclusive o retroativo. Como não pude pagar, barraram minha
matrícula e precisei da Justiça para continuar viajando de graça. Acho
que é um caso de propaganda enganosa e de falta de compromisso da
instituição”, diz Filipe.
Em fevereiro, o MEC enviou um
parecer jurídico à faculdade em que classifica a decisão de cobrar o
transporte dos alunos do ProUni como uma “possível ofensa ao tratamento
igualitário estabelecido pela Lei 11.096, de 2005”. O ministério afirma
ter analisado as planilhas de custo da Asa e não ter encontrado
obstáculo para que o serviço seja prestado a todos os alunos,
“independentemente de serem ou não egressos do ProUni”.
Diante
dos constantes embates com alunos e com o MEC, o diretor administrativo
da Faculdade Asa, Alcimar Barcelos, ameaça cancelar a adesão da
instituição ao ProUni. “Pelo aborrecimento que estou tendo, quero
cancelar o programa. Todas as nossas propagandas deixam claro que os
bolsistas não têm direito ao transporte, mas eles usam de má-fé e
depois entram na Justiça querendo se dar bem. O ônibus gratuito é um
atrativo que tiro da minha margem de lucro, um serviço extra que não
está incluído na mensalidade. Os alunos querem ganhar bolsa e ainda vir
de graça? Desse jeito vou pagar para que eles estudem, por isso estou
me sentindo lesado”, diz .
Sofrimento
E
a rejeição não vem só do mundo oficial. Entre os colegas de sala o
sentimento é forte e muitas vezes revelado em simples olhares. Antes
mesmo de chegar ao fim do 1º período do curso de gestão em recursos
humanos no Centro Universitário UNI-BH, uma aluna decidiu abandoná-lo.
Com dificuldade em pagar os R$ 200 restantes da mensalidade, a bolsista
de 50% do programa sentiu na pele o preconceito. “Nunca fui incluída na
turma e várias vezes me senti humilhada por não ter carro, jóias e
dinheiro para o lanche. Minha vontade de estudar é grande, mas queria
um lugar menos elitizado. Até a assistente social que me entrevistou
para o ProUni me constrangeu ao perguntar o que eu tinha para comer em
casa. Ela queria saber se eu vivia só com o feijão e o arroz”, diz a
estudante, que pediu para não ser identificada.
O UNI-BH negou
as acusações da jovem e alegou que todas as assistentes sociais da
instituição são treinadas para atender bem os bolsistas do Programa
Universidade para Todos. “Elas são preparadas para as visitas
domiciliares e entrevistas. Não pode haver diferenciação de tratamento
nem na sala de aula, uma vez que os beneficiários do ProUni jamais são
identificados”, garante a supervisora de filantropia da instituição,
Rosemeire Camargos. (GT)
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