Jovens estudam mais, mas poucos chegam à universidade
Estudo do Ipea mostra que anos de estudo entre jovens passou de 6,8 para 8,7 em dez anos
A situação educacional de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos é
um misto de avanços, problemas e desafios, de acordo com estudo
divulgado nesta quinta-feira (3) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada). O documento tem como base dados da Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) de 2008, que indica um total de
49,7 milhões de jovens no país – 26,2% da população.
O Ipea destaca como principal avanço o fato de os jovens, atualmente,
conseguirem passar mais tempo em sala de aula e terem maior
escolaridade do que os adultos. Em 1998, a média de anos de estudo
entre pessoas de 15 a 24 anos era 6,8. No ano passado, a média era de
8,7 anos de estudo entre jovens de 18 a 24 anos. No grupo de 25 a 29
anos, a média chegou a 9,2 – 3,2 anos de estudo a mais do que entre a
população acima dos 40 anos.
Mas o estudo alerta que o processo de escolarização da maioria dos
jovens brasileiros ainda é marcado por oportunidades limitadas e que,
no país, prevalecem desigualdades educacionais entre ricos e pobres,
brancos e não brancos, e moradores de áreas urbanas e rurais e das
diferentes regiões.
A pesquisa também destaca que apenas a metade dos jovens brasileiros de
15 a 17 anos frequenta o ensino médio na idade adequada e que 44% ainda
não concluíram nem mesmo o ensino fundamental. Nas regiões Nordeste e
Norte, as taxas de frequência (36,4% e 39,6%, respectivamente) são bem
mais baixas do que no Sudeste e Sul (61,8% e 56,5%, respectivamente).
O acesso ao ensino superior é ainda mais restrito, com frequência de
apenas 13,6% dos jovens de 18 a 24 anos. Uma boa parcela dos que têm
mais de 18 anos – cerca de 30% – conseguiu completar o ensino médio,
mas sem buscar a continuidade de estudos no ensino superior.
O Ipea ressalta também que a proporção de jovens fora da escola cresce
de acordo com a faixa etária: 15,9%, entre os jovens de 15 a 17 anos;
64,4%, de 18 a 24 anos; e 87,7%, de 25 a 29 anos.
Um destaque positivo apontado na pesquisa é que o maior nível de
escolaridade também se reflete na menor taxa de analfabetismo entre os
jovens. Na faixa de 15 a 17 anos, a queda foi de 8,2%, em 1992, para
1,7%, em 2008, e, na faixa de 18 a 24 anos, foi de 8,8% para 2,4%, no
mesmo período.
Entretanto, de acordo com o estudo, a redução do analfabetismo entre
jovens nos últimos dez anos não foi acompanhada da diminuição das
disparidades regionais, sobretudo no Norte e Nordeste.
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